Conhecer, saber a pessoa é muito mais do que nome, idade, nacionalidade, naturalidade, filha de, afiliação, gostos, ou quais são as bolachas favoritas.
Conhecem-me verdadeiramente sim! Não foi um ato quase instantâneo como quem lê a introdução de um biografia, ou vê um documentário de 20 min sobre a minha curta história pela perspetiva do mundo, mas como quem dedicou tempo a viver momentos comigo, quem me observou, me ouviu falar (e eu falo muito), reconheceu o meu cheiro, me tocou de olhos vendados e descobriu que tenho um pequeno calo na mão e de entre todos os calos do mundo, reconheceriam o meu só pelo toque.
Mas o que diz mais o meu calo na mão esquerda sobre quem sou do que dizem as bolachas digestivas sem açúcar com cobertura de chocolate preto?
O tato é um caminho até mim e até ti. Eu sinto e estou a ser sentida, tu sentes e estás a ser sentida, estabelece-se uma relação! O nome é meu. A idade é minha. E não são as tuas bolachas favoritas! O nosso conhecimento é mútuo e não unidirecional.
Conhecem mais do que os meus interesses, sabem como penso, como reflito no que considero importante, como sinto e como escolho as palavras para o expressar.
Os textos não precisam de estar assinados porque este escrevi eu e aquele escreveste tu e outros foram escritos e eu sei. Antecipam os meus movimentos e os meus suspiros e eu retribuo. Aprendi a olhar nos olhos, a tocar, a ser tocada e a abraçar, transmitindo ao outro todo o sentimento que desperta em mim.
O mundo está impaciente, mas nós respeitámos o tempo que demora a conhecer a complexidade de um ser pensante e sensível, semelhante e diferente de ti. A união nasceu e estamos próximas e somos TRIBO! Cheguei a um ponto em que já não estou somente a ensinar-me aos outros, mas aprendo enquanto me ensino. Descubro. Encontro. Cresço. E todo um potencial desconhecido brotou como uma flor aos olhos do mundo, mas já outros olhos arregalados em expressão de surpresa o antecipavam, enquanto observavam uma pequena semente. E fez-se silêncio e cantou-se o fado!
Conhecem-me agora sem grande passado, sabem da Catarina do presente, que é um todo, porque parte de mim também é fruto de como vivi o passado. Leram a minha perspetiva do mundo. Não é o que acontece à pessoa, mas como a pessoa viveu, pensou e sentiu o que lhe aconteceu e o que fez acontecer.
Conhecer exige de nós. Dou tudo de mim, entrego-me em cada instante em que me apresento. Apresentei o mapa de mim, mas foram estes seres que o percorreram. Percorremo-nos, encontrámo-nos. Aqui estão, podem ver os calos de mim!