Quando dei por mim, estava a desabafar com Raquel, sem que fosse preciso usar palavras, gestos, ou qualquer tipo de sons. Só com o olhar. E eu sentia que ela me estava a ouvir, verdadeiramente. E eu também a estava a ouvir. Desabafámos, uma com a outra, precisávamos daquilo as duas e nem sabíamos.
(…)
Eu só queria que a Raquel desabafasse comigo, sem tempo contado ou com medo de outras pessoas nos ouvirem. Sem preconceitos. Só nós as duas.
Eu e ela.
(…)
E quando ficámos frente a frente, cara a cara, tudo desabou. Começámos a chorar.
Os nossos olhares falavam mais do que qualquer boca alguma vez falou. E o abraço. Onde chorámos ainda mais, agarradas. Em busca de apoio, segurança, conforto e amor. Até nesse abraço eu sentia que ela continuava a contar-me tudo, os seus segredos e os seus medos. E eu escutava com atenção. E ela escutava os meus.
Foi mesmo bonito. Eu sei disso. Espero que ela também saiba. Sei que nenhuma de nós se vai esquecer deste momento. Foi inesquecível. Obrigada, Raquel.
Mónica Rodrigues