15/06/2025
PARTO
Vinte e quatro irmãs. Todas filhas da mesma mãe – Vénus. Uma mãe que se transforma, a cada filha que lhe nasce. Uma mãe inteira, uma mãe poética e universal. Vinte e quatro filhas nascidas de um útero-igual. Tantas irmãs, nascidas da mesma casa-comum. Filhas de Vénus – deusa mundial. Mulher-deusa que se dá aos dias e que, como eles, é sempre diferente.
PLACENTA
Viver dentro do útero-casa. A responsabilidade de ser quem alimenta: oxigénio e nutrientes. É, antes de tudo, sobre viver.
PESSOAS
Nascer para se ser quem se é. Existir num mundo onde, inevitavelmente, se aprende com quem se conhece. As pessoas acrescentam-nos sempre qualquer coisa. Cada pessoa é diferente, única e irrepetível: nasça de que útero for. Cada pessoa é um monte de coisas infinitas e especiais. Aprender, aqui e ali, que é muito libertador ser-se uma pessoa – autêntica.
(No teatro.)
Caminhar, a par e passo com quem não se conhece. Começar a conhecer partes secretas das outras pessoas, e por isso, começar a revelar partes importantes de quem somos.
Somos pessoas – todas nós – impossíveis de copiar.
(Não haverá forma de substituir o teatro. Venha a tecnologia que vier.)
Nascer para tentar ser quem se é. Insistir. Existir num mundo que não se repete e num ensaio que não se repete. Vinte e quatro pessoas: todas nascidas de um útero diferente. Vinte e quatro pessoas: nascidas de um útero-teatro.